domingo, 27 de dezembro de 2009

Mar, o infinito

Aquela brisa carregada
Me trazia do mar ao meu olfato
O calor da luz refletida
Na folha branca leva ao fato
Da iminência da minha vinda
Ao encontro dessa minha fonte
Minha praia, mostra sua quebrada
Suas histórias quero que conte

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Fim, começo, sei lá

Corri por ser um bêbedo
Me molhei na chuva
Sou água, sou água
Correrei novamente
Escrevo de alívio
Amanhã vou embora
Elas têm meu amor
De novo deixei levar
Mas não a verei
Aproveito a chance
De ver o que esteve
Apartado de mim

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Pra sempre...

Com quantas lágrimas se acena com o silêncio de um adeus?

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Hora da despedida

Já te disse!

Já não te amo...
Talvez nunca tenha amado
Só sentido
Uma louca paixão

Não me lembre
Que te impedi de viver
Pois não tenho forças
Para negar, foi verdade

Perdi lembranças
Me desculpe
Não digo em voz
Digo mudo, só te escrevo

Sua voz
Nunca foi minha sina
Seu olhar
Nunca meu desejo

Perco o costume
De te ver aqui
Ao lado
Perco os teus beijos

Suma daqui!

Viva feliz!

Esqueça de mim!

Não...
Não me deixe acreditar
Que o erro foi seu
Que você que não soube me amar

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O que nos restaria

No meio do caminho
Nem no passado
Nem no futuro
Me sinto

Saudades que eu sinto
Do que já foi
Falta daquilo
Que ainda será

Sinto saudades tuas
Saudades de você
Sentindo saudade
De mim

Sinto saudade
De vez em quando
De ter saudade

domingo, 16 de agosto de 2009

Só para constar.

Batem na porta. Mas é só uma imagem. A porta é aberta. Signo e significado. Duas pessoas se cumprimentam. Reações em cadeia.

Basta um olhar pra entender o que se diz. Orgulho diretamente ligado a flagelação da sociedade. E o que dizer da mente ociosa, se não que ela trabalha incessantemente? Isso que dá vida as coisas. Isso é o que dá prazer. Não posso nem espero encontrar alguma forma alternativa para resolver as questões que cabem a mim. Tudo de que preciso é paz e sono. Por toda a existência temos essa esperança, feito uns tolos, uns arquétipos, caricaturas do que realmente somos. Para passar uma imagem que desejo, devo teatralizar, no contexto da situação, mas exageradamente. Sempre é em excesso. Até a calma é excessiva. Perto do que somos, o que nos mostramos é um tufão. Uma onda gigantesca daquilo que se esconde, por não termos medida de o quanto precisamos aumentar para que seja notado e qualificado como aquilo que desejávamos mostrar.

A história continua como um filme, porque é um filme, uma história. O espectador é personagem, é diretor, é figurinista... Passo aqui pra deixar essa informação: Somos tudo aquilo que estamos dispostos a externar. Tudo aquilo que aparenta. Tudo que não parecemos, não somos. Podo flores para um dia me alegrar com a tristeza da realidade aparente. Vamos descobrir as histórias do acaso, tudo o que está omisso tem de ser descoberto.

O mais confuso e aleatório possível, aquele que vos fala.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Existo,logo penso

Hoje eu tive vontade de pensar sem palavras. Queria simplesmente sentir o mundo diretamente, sem ter que passar pela lógica, pelo formalismo do raciocínio. Não pude, entretanto. Todas as idéias e percepções possíveis estão fadadas a passar pelo filtro desses sons em que aprendemos a nos tornar ligados intrinsecamente.
Essa prisão na qual estou encarcerado é limpa e clara, tenho tudo o que quero para sobreviver e até para aproveitar algumas coisas prazeirosas. Mas o que há por trás dessa porta lacrada, que não posso nem poderei ver? Tudo o que se pode inventar com as palavras não parece muito quando se imagina o que existe de fato. Experimentar em primeira pessoa, alma a flor da pele, nem um milímetro desligado do "fora", sentir-me um só com o resto e não essa separação orfã à qual fui sujeito.
Não há alternativas nesse caso, somos fadados a pensar, e pensar sempre, a todo momento, compulsivamente, transbordando argumentos, contra-argumentos, frases, falas, particípios, sujeitos, palavras sempre. A loucura é às vezes concebida como falta de lógica, ou uma lógica distorcida. Penso que não. Ela é só o pensamento em excesso. Perde-se nas idéias, foge do mundo real do mundo sensível do qual já nem estamos tão próximos naturalmente. Se o louco fugisse no entanto da lógica, ah como seriam privilegiados. Este é o louco romantizado que achamos atraente. Esta é a loucura que achamos que está presente nos mendigos de rua, nos artistas mais afetados, nas pessoas à margem da sociedade.
Isto não existe, pena.

Lábios Rasgados

Huum... paixão violenta!

domingo, 12 de julho de 2009

Receita de Domingo à noite

- Fique um fim de semana sozinho em casa;
- Coma o arroz que sobrou de sábado no almoço,sem deixar para a janta;
- Abra a geladeira durante a tarde toda, achando que vai encontrar alguma coisa que não seja feijão e o frango ensopado de sexta, talvez de quinta;
- Frite um ovo às 18:00hs;
- Esteja morto de fome meia hora depois;
- Lembre-se às 21:30hs que você tem guardado no armário da cozinha um pacote de miojo;
- Pegue o frango na geladeira, despeje-o gelado (o molho dele deve estar em estado de gel, parecendo geléia de mocotó ou algo pior) no prato usado no almoço;
- Use a panela onde estava o frango para ferver água;
- jogue o compensado de massa, o kinojo, na panela, espirrando água fervente no próprio braço;
- Pense em fazer o melhor prato possível com o que tem, e faça o pior:
- Jogue fora um pouco da água;
- Ponha por cima no macarrão o frango que estava no prato;
- Deixe cozinhando mais um pouco, pensando em como deve ficar bom um macarrão com franguinho bem temperado;
- Abra a panela e perceba que era pra ter jogado mais água fora, ainda mais porque o molho do frango agora também se liquefez;
- Sinta-se orgulhoso por nem ter pensado no feijão já citado ao preparar a refeição;
- Desconsiderando todo o bom senso, despeje todo o conteúdo da panela no prato, ao invés de na lixeira;
- Deixe transbordar na pia um pouco da água de óleo em que se transformou o molho;
- Coma e perceba que uma canja de frango velho com miojo não fica de todo mal, exceto pelo fato que você fez demais, enjoou e pra disfarçar, abriu a página do seu blog para escrever a primeira coisa que viesse na cabeça: tal receita.

P.S.: Essa é a receita tradicional. Para dar um toque especial, continue escrevendo mais um pouco até a lavagem esfriar e sirva aos cachorros que, coitados, estão farejando o ar desde que você começou tudo isso.
Segunda-feira, pela manhã, lembre-se de ir limpar o possível vômito dos cães. A lixeira era a melhor opção, realmente.

sábado, 11 de julho de 2009

Quem sabe?

Poderia ir pra longe
Quem sabe
Ir pra londres, viajar
Ver o frio
Ver os outros, quem sabe

Quem sabe ser também
Um ser de grandes forças
Grandes braços pra alcançar
Uma nova lembrança
Onde estão outros sonhos
Uns de medo, uns de desejo
Quem sabe?

Tomo um cálice
Dessa bebida servida
Com classe
Com ternura
Feita pra mim
Escura
Beber de tudo
Como o fim do mundo
Que engole
Oceanos, terras e ares

Quem sabe viver de uma vez só?

Como quem não tem o que perder
De uma vez absoluta, absurda
Sem razão, motivo ou propósito
Feito um furacão
Que devora o mundo
Parecendo o fim de tudo

Quem sabe criar, mudar, volver e ficar?

Mostro as cartas dos outros
Mostro a mentira lavada
Escorrida
Mostro o que há atrás e ainda
Não mostro o que quero

Quem sabe um dia saber um pouco?

Tendo as pupilas entornando paixão
Vendo e revendo meus melhores dias
Acabando com todas as ilusões que fiz
E sobrevivendo

Quem sabe morrer feliz?

Partir daqui, ser um monstro
Um Balão, uma abelha, um papagaio
Um torresmo de esquina
Um átomo só

E eu sei?

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Encontrei o Jazz numa sala de espera. Como sempre, sua cara era a do século 20, na verdade o meu século. No ato de espera, não ouço palavras, escrevo-as então no caderno. O fato presente se mantém inalterado. O som ambiente são vozes, mas não palavras, não as ouço, suponho que estão sendo usadas somente. Som ambiente e música ambiente, eu à espera, o mundo ainda anda.
Você está parado observando Miró, algo rasgante para o seu dia-a-dia. Está desesperado por seguir em frente sem saber pra onde. dezenas de metros te separam da rua, está alto, você sabe, mas não concebe de fato a situação. Duas plantas superficiais te fazem compania, no vaso e no quadro, outro que não o Miró. Em outra planta você se encontra, na planta do prédio em que você está. E a planta do pé que encosta na meia que encosta no tênis que encosta no carpete que encosta no piso que faz divisa com o teto, que por sua natureza, encosta no ar que alguém respira, ou não, por não estar presente, ou vivente. As pessoas morrem, você sabe, mas não concebe de fato, uma pode pode estar morta agora abaixo de você e você sem se dar conta.
Estamos aqui no mesmo lugar na mesma sala, a esperar conforme o ambiente se chama, sala de espera; Você a ler, cética, eu a escrever, insano, louco. Eu querendo ter mais uma palavra, você querendo me ter.

O louco sou eu
O louco é você
Uma cadeira vazia
Na outra dividimos
Um corpo só.

..continuo sozinho, à espera. jazzportapessoasdoutorcabeçacadernopalavrasmentementirassozinhocadeirasinsanocarpetecoçeiramaçanetaplantamãosmaneiras vou sair daqui enquanto posso

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Vontade e Querer




















Um vácuo no tempo desde a última postagem. Pouca coisa aconteceu, muita coisa mudou. Ou o contrário.

São nossos medos que agem através de nós, por isso a confusão. As flores do meu jardim jazem misturadas loucas, se proliferaram no gramado, nasceram no espaço das outras, buscando com o caos, o equilíbrio. Meu jardim, meus pensamentos, são flores minhas paixões.

O gato branco de olhos escuros ou então agora, cores vertidas em seu revés, força no olhar, aptidão para a caça. Como ele não somos, mas não tendo atrás de nós caçadores, caça não somos também. E quando não houver mais saída alguma, teremos chegado onde havíamos de chegar. O pote está vedado, mas é só quebrá-lo. A força para erguê-lo não é suficiente, quanto mais para jogá-lo ao chão. Sendo então cães no asfalto, a se esquentarem sob o Sol, perdem o olfato do perigo, não aprenderam a voar, preguiçosos. Desaprendendo a querer, se aprende a esquecer, não resta nem o esperar. Esperança que morre já de início, deixando ainda cheia de vigor a tristeza, a apatia, a doença.
Continuo perdido, fuçando tudo, apesar de tudo. O gato que não descansa, que não pisca, não move um músculo, está numa fotografia, não no mundo real. Seu pêlo é branco, sua vida está de mudança, a paisagem já tem outros gatos, ou não tem nada, só neve branca, ou fogo, ou ar, ou nada mesmo. Teimo em olhar tudo como fato presente, sólido concreto, opaco e tangível, louco sou eu. Quero-te viva, não entende?

quinta-feira, 11 de junho de 2009

não tenho tempo...


... e amanhã era o seu dia.

domingo, 7 de junho de 2009

"A novidade era o máximo..."(Paralamas)

Descobri (ou finalmente soube colocar em palavras) ue sou movido pelo desconhecido. Aproveitando que está à minha disposição uma coleção de jazz, estou aprendendo a gostar da sonoridade que há nesse estilo musical. Vez ou outra, puxo um dos CD's sem prestar atenção em qual álbum é e deixo tocando, enquanto faço outras coisas, dentre elas, escrever (como, aliás, estou fazendo). O som de um sopro mudo junto às notas tocadas do sax é como aquela voz bem ao pé do ouvido, bem respirada e íntima. O baixo acústico soa solto pela música tanto rítmica, quanto harmonicamente. Aquela nota quase afinada, quase no compasso faz a música ter um som único. Enfim, algo bom de se conhecer.
Quando se descobre o prazer em apreciar algo que nunca ouviu, parece que se torna um vício. O que o ouvido já se acostumou, passa a desinteressar. Lógico, há músicas prediletas que nunca vão deixar de ter valor pra mim. Mas é só um caso a parte. Experimentar essa sensação de não saber exatamente o que será ouvido após uma nota de uma música é como conhecer uma pessoa. Tudo o que ela apresenta é observado, até analisado, mesmo que se trate de uma análise não proposital. Depois de se quebrar preconceitos que vêm à tona incondicionalmente, esse alguém que se desconhece passa a ser uma fonte de novidade intensa. Assim é com a música. Posso até ouvir uns acordes iniciais e supor que nunca tirarei algo de iteressante da música que esteja tocando. Porém, quando se deixa falar, ela sempre conta algo que nunca eu havia ouvido. Pode ser algo que não me agrade no fim das contas, mas sempre vale a pena. Só não pode ter alma pequena.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Carta de Amor

Minha querida,
você não tinha partido? E aqui está você me pregando mais uma peça, me deixando sem chão, de novo. Onde é que eu estive antes de entrar nessa não sei, mas sei que vou me perder sempre. Como eu queria que você estivesse aqui, você nunca está. Você não é ninguém, é todas, você nunca está.
Te adoro, mas porque? Porque não sei outra forma de ser/pensar/agir, é impossível. Não necessariamente uma obrigação, mais uma necessidade ou mesmo compulsão. Sabe, te amo. Sou apaixonado por você, te adoro demais, em excesso, você sabe. Sou tudo se estou com você, passo a admirar as cores de todas as coisas, as nuances dos gestos, os sabores na minha boca, minha parte do corpo reservada para sempre a você. Sinto sempre a sua falta, perco a noção dos erros que cometo, não tenho nem identidade. Meus poros ficam abertos, sem restrição a nada, fico torto, amorfo mas te amo ainda sim. Aliás, mais do que nunca te amo.
Meus dedos te buscam toda manhã escura na cama, sinto seu corpo encostado em mim, chego a perceber seus mínimos movimentos ao acordar. Depois, você está andando ao meu lado, no caminho da minha rotina, ouço seus passos, vejo movimentar-se pelo canto dos meus olhos. O silencio soa, ouço sua voz languidamente recitando uma coisa qualquer em meu ouvido. Minha chegada à noite é recebida com seus abraços, seus beijos, me busca, se dá. durmo lembrando do gosto da sua boca mordida.
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Há muito tempo que você não está aqui e por completo nunca esteve. Sabe que te quero a cada segundo, lembro de você desde sempre. A primeira vez que te vi só serviu pra aguçar a lembrança. Estava lá durante a infância, durante a juventude e durante a morte estará.
Você são muitas, são todas as que mexeram comigo, falo aqui de todas as minhas paixões que cada vez mais enchem minha alma e incham meu coração. Não havendo mais espaço, mais uma vem e se ajeita, já há tempos não sei como, nem aonde. Mas está lá, do lado da que eu pensava nem mais dar as caras por aqui. Dói demais esse aumento incontrolável no meu peito. Não venha com mais tantas outras suas, por favor. Pare por aí, no máximo mais uma, mas uma que me guarde dessa vez como a guardarei.
Com amor sempre,
seu Eu.

domingo, 24 de maio de 2009

Numa manhã de quinta





Tantos livros...




E eu não entendo a razão. O que fazer? A única forma de lidar com isso é a conformação e eu não aprendi a ver uma solução nos problemas insolúveis. Cada rojão às alturas, um tropeço no chão. É o meio que se alcança, nem eterno nem finito, não sou Deus, tampouco mortal. Parto do princípio que tudo está como sempre teria de ser, mas na realidade eu mesmo não encontro o porque.


Sondo os meus sonhos, as idéias, as palavras e minhas ações, nelas não encontro nada. Imagino outros numa situação semelhante, mas não lembro que caminho seguiriam, pra poder me guiar. Acho que só a própria pessoa pode ser guia de si. Mas eu tenho tantos de mim... Sou como uma Legião, todos falando, cada um na sua língua, com a sua cultura, com os seus princípios. Se é assim, então não me sobra nada, por ter em mim, tudo. Se em tudo há valor, nada vale alguma coisa, que beco nos encontramos. Em que beco nos encontraríamos? Não sei mais, lembre-me com qualquer recado.


Vivo e volto, não tenho nada pra oferecer, prefiro então ficar calado.




...por ora...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Princípio da Impenetrabilidade

Ele estava lá
Dentro do ovo
O ovo fechado, seguro
Ele estava lá

Abriu-se o ovo
Chocou-se o ovo
Saiu do ovo
Foi embora de lá

Cresceram as penas
Aprendeu a voar
Esqueceu dos pais
Viu um dia o mar

Voltou e foi
Migrou ou não
Sozinho ou em bando
Por um instante se deparou comigo


Eu estive aqui
Dentro do povo
O povo fechado, mas inseguro
Eu estive aqui

Mudou-se o povo
Perdi-me do povo
Não existe mais povo
Continuei aqui

Cresceram as idéias
Aprendi a pensar
Não esqueço dos pais
Sempre vi o mar

Voltei e fui
Migrei ou não
Sozinho ou em bando
Por um instante me deparei com ele


Ele a voar
Meu carro a voar
Eu passarei
Ele
Era só um passarinho

terça-feira, 19 de maio de 2009

... ...

...te comer inteira, sob um céu carmim, te dar de bandeja tudo que é de mim, tão risonha e bela sua prostração, bife de panela cheira a tentação...

Como tudo que é intenso, tudo que não borda, transborda, tudo que persegue o infinito, tudo que peleja, dói, almeja, destrói, deseja, corrói, caleja e mói. Como a ostentação da verdade, do belo, do perfeito, do bom; como o mar... o mar que está longe, o mar que está perto, não perto, não. Dentro. Dentro de mim. Dentro de mim, um mar. Nesse mar, tudo que há. Aahh...

Anjos borrados numa folha de papel, eu os fiz, eu em lágrimas, eu os manchei. Sempre atento a todo meu amor, a todos os meus amores. A tudo que é amor, serei atento. Atento.. lento.. sento e tento transbordar, mas não existe mais nada a dizer, nem pra escutar. Tudo será dito com mil palavras quietas, nunca passarão da garganta, menos passam que trespassam. Aquela voz calada, contida, segura no pouco que me resta de seguro no mundo, meu corpo, minha vida, minhas lembranças, não há nada meu, ilusão. Podo flores, ponho em vasos, já estão mortas, água pra preservar daquela que já veio e já levou, a Morte. Faço as regras, cumpro todas, depois desfaço-as e cumpro de novo. Levo facas afiadas, elas sempre para mim, apontadas para mim, ameaçando a mim, um dia ainda serão lançadas contra mim.

Espero o ar puro cada manhã, rogando para que um dia seja o dia, aquele dia que tudo irá mudar, só pra continuar a ser aquilo que sempre havia sido. Meio torto, meio morto, meio solto e revolto, nem poesia nem prosa, rima ao léu, venturosa, só pra você lembrar de mim. E quem sabe, um dia... te comer inteira...

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Rapidinha de hoje:

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domingo, 10 de maio de 2009

Fora Daqui

Sabe cantar, sabe escrever; só não sabe viver. Farrapos almejantes presos num varal, dentro do peito aberto e manchado, extenso e sangrado. Em tudo mais que se possa mover, ou perder... Há a utopia da palavra, embolia da superstição.

Todo amor preso num porão de vento, sem um só olhar atento. Mas o que dizer com palavras tolas, se não sente comiseração ao estender a emoção até uma tensão absurda?

Complexo de médio. Sem pular obstáculos. Sem correr para além. Segue um sonho moldado pela realidade que convém. Só teria alguma chance se estivesse seguro,
se estivesse crescido,
se estivesse maduro,
se tivesse então lido
o livro sobre o escuro.
Se estivesse tão forte,
se não estivesse aos cortes,
em frangalhos tão puros.


Sente inveja da dor suportada, da foda mal dada, do carinho tão tenro dessas mãos adestradas.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Eros e Psique


Enlaçados os dois, apaixonados. As asas do amor que elevam a alma ao sublime. Só têm olhos pro outro, externos ao mundo em volta, beleza e pureza são um só objeto. Objeto eternizado em mármore, objeto admirado através dos séculos, tamanha é a sua proximidade do real.
A lenda fala do Amor, quando omite sua forma, sua aparência, fala da Alma, inquieta, curiosa, buscando algo mais tangível, a beleza. Saí ferido o Amor, pelo azeite também; porém mais pela desconfiança, essa sim, de veneno sem antídoto.
Em sua busca, a Alma se sacrifica, cumpre tarefas desgastantes, chega aos limites da mortalidade e, no limiar da vida, fraqueja, almeja a beleza (agora de si mesma) e se perde. Em seu resgate, parte o Amor com suas asas que lhe dá o poder de ir e vir entre a vida e a morte, só ele consegue salvar a Alma da morte certa. Os dois sobem até os céus, agora estão livres, estão juntos, nada mais os oprime, não há limites...
E no salão, em exposição, estão lá, tão próximos e tão distantes. Distantes de nós, distantes entre si, o abraço os torna unos, peça inteira, seus olhares já tão perto um do outro, buscam um beijo, certamente. Mas são pedra, eterno mármore, de nada vale tudo isso, nunca chegarão mais perto. Não importa. Sua força, sua expressão, sua história não estão ali para esse fim. Levam sim à proximidade, à intimidade, ao beijo enfim, não ali na obra de arte, mas em volta, dois que por ali passaram e notaram o absurdo que seria não prestar tal homenagem a uma poesia belíssima como essa, lapidada, esculpida, eternizada.


segunda-feira, 4 de maio de 2009

Faces do espelho


"As paixões destrutivas se manifestam com uma tensão generalizada do sistema muscular, ranger os dentes, protrusão das garras, dilatação dos olhos e narinas, rosnados; e essas são formas atenuadas das ações que acompanham o ato de matar uma presa."
(SPENCER, Herbert. Principles of Psychology, 1855)

Textos aleatóriamente lidos durante crises de insônia, de vez em quando, nos fazem lembrar de alguém...

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Acordar
Fazer exercício
Tomar banho
Café da manhã
Treinar baixo
Almoçar
Dar aula de baixo
Jantar
Dormir

...planejamentos não nos servem, definitivamente!
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Continuarei só com fotos preto-e-branco... mas esse costume foi percebido só agora, não havia me dado conta até então. Mas até que faz um estilo. Esteticamente aprovado pelo senhor postador.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Caro zoon politikon...


Há dias em que se nasce e há dias em que se morre. Sigo a sina da disritmia, sem parar, sem parar de mudar, não sei mais pra onde eu ia. Quem realmente já aprendeu a viver? O que se espera fazer durante uma vida? Você espera e você faz, é o que dá pra arriscar. Eu? Não, eu não danço bem a vida, ela está em descompasso! O furacão é uma semente da mais bela flor existente...

Até onde, de fato, eu sou? As barreiras são fictícias, mas relevantes; as jogadas são reais, mas contornáveis. É assim que levamos bem nossos dias, nossas vidas, nossas hipocrisias. Se há algo mais absurdo que tudo no mundo, é a coerência. Volta e meia me sinto perdido naquilo que é meu. Aquele objeto construído, aquele mundo tão próximo, tudo se correspondendo... e aí, me sinto um corpo estranho, sou expulso dali. Me sinto até mal visto por aquelas bandas.

E o que resta no final? Palavras soltas, conceitos puros? Que ordem louca é essa que estão colocando no caos? Absurdo! Somos todos loucos, absortos na loucura, absolvidos por ela, absolutos nela, mas... abstraídos dela, abismo abissal!

Haverá toda loucura, todos os distúrbios, toda insensatez, mas não haverá mediocridade. A fenda estará exposta como um corte feito por navalha, profundo, brotando sangue. Seus males expurgados, o divino ficará a mostra com toda sua perfeição caótica, sem postura nem comedimento, tudo pode, porque é!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Buscar e Fugir


Somos caixa e somos flor
Tantas cores para dar
E viagens pra repor
Solitário é o que vai
Não se espera o seu retorno
Vamos logo, vamos sempre
Subterfúgio inexistente

Práticas no abismo
Deixando tudo ao redor
Face a face com o perigo
Faça fluir o torpor
Sem palavras até perder o sonho
Cabisbaixo no metrô
Venha experimentar meu abrigo
Tem carinho e tem dor

Parabéns a todos
Que perderam o pior
Quando se espera tudo
Nada tem valor
Coisas mesquinhas
Miúdas, sem paixão
Quem dera viver assim


Autômato do viver
Automático no querer
Autoritário com sua fome
Automóvel do esquecer

terça-feira, 21 de abril de 2009

Pêlo de Mar

Flor de cânhamo em nós
Nós que viajam, viajamos
Nós sós
Sóis que se põem atrás
De nós surgindo grandes sombras
Sois sóis

Folhas de papel que seguem com o vento
Vão por entre nuvens, segue o pensamento
Só plantem as flores, deixe o sol andar
Viagens pelo mar, pêlo de mar não há

Sonho só nós dois e mais
Dois nós que velam, cera quente
Quem tem
Quem será trazendo ao cais
Quais coisas leva, mãos atrás
Mas vem

Quase quero mais, não posso, mas vem cá
Quem tem o poder não conseguiu do céu
Brotam por debaixo da planta dos pés
Quais eu quero, mas não posso mais

Por onde se anda

Pelas ruas desertas

O bêbado bamba

Tendo em vista uma noite

A que passou


A que ainda é

Dessas pra se contar

Dessas pra
preambular


E depois não lembrar...

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Bota Fora

Sozinho agora, sim, mas também sempre... Reticências para dizer: evasivo. Soterrado pelas lembranças, quem diria. Passo por cima do muro, já fiz dessas, mas agora tento a vida mais pura. Parques, subidas, pastagens, uma igreja, o rio, olha lá! Perco a vista daqui de onde espero, vou brincando de mudar tudo. Vamos ouvir música? Ouça daí: The Thrill is Gone, do rei.

Aquela cerveja não tem mais o mesmo sabor, é outra coisa, além da lata, que mudou. Bebi mas não fez diferença, cadê o resto? Quantos projetos eu vejo e refaço, mas é impraticável fingir que seria mais fácil do que está se mostrando ser, mas muito pelo contrário. Sabe aqueles dias de modorra, de férias decadentes, sem nada pra se fazer ou se mostrar?

Agora Cocaine, pra mudar os ânimos! Mudança de planos, era da fartura, sem tirar, só pôr. Barrigas de fora, sorrisos escancarados, rostos compridos, coisas novas, tudo que preciso pra sair e me sentir vivo de novo. E música, sempre, sempre, sempre... Tudo aqui é assim, sem riscos de mostrar, de esconder, enfim...

Porta de saída, sempre aberta, janela da alma, tudo remete à ambiguidade da face, de lado ou de frente, um tempo depois é igual. Agudos e graves são aglutinados porque é como deve ser. Padeço do mal dos impregnados, impregnados da dor, da paixão, cheios de rachas e bordas, complexo em peça única.


Aí está então, sobra só a forma do que ainda vem. Digo de novo: portas abertas! Melancolia mesclada com alegria, porque não existe outra fórmula pra se dar certo. Ia explodir na cara, com certeza iria... Pra quem não percebe os lembretes no espelho, siga em frente será feliz também, pode ser outro caminho a se seguir, quem sabe... essa foi a última música.


...por hora...

Ancião

No alto se pode, se faz o querer
Quem nunca perdeu a fome de viver?
Teria chances mais sinceras de estar
Com todas as palavras, não se deixando voar...
Posso estar errado
Ponho isso de antemão
Sábias palavras as que falam
Sobre um pássaro na mão
Ondas, nuvens perfeitas
Não as separo com o olhar
Mas com a mente aberta

Posso viver de outras formas
Mas seria o eterno esquecer
De lembrar pra tornar a querer
Só que posso
Vou, mas volto
Estou sempre a postos
Fagulhas não cegam, só serpenteiam
A arte de olhar
Sem pedaço de mim por prender
Qualquer coisa pra te dizer
Cem pedaços de mim vão pender
De um móbile em equilíbrio

Do entardecer...

Do entardecer...

Ao amanhecer

Ao amanhecer