segunda-feira, 5 de julho de 2021

- Olá, como vai?

- Há tempos não sei de ti.

- É verdade, sim...

- E como vai?

- Vou assim, como me vê.

- Não vejo bem.

- Nunca bem viu.

- Como assim, não entendi..?

-  Não é nada não...

- Mas diga...

- Bem, há pouco lancei uma música

- Olha, verdade?

- Sim, verdade, é...

- Com aquela banda?

- Não já dela saí.

- Não! Por que?

- Não deu mais certo.

- Bem, deixe-me ouvir.

- Já te mandei.


   .    .    .



- Olha, que bela música!

- Gostou?

- Gostei. A voz é ótima.

- Sim, ele canta bem.

- Letra bacana, qual o nome dele?

- Do vocalista?

- Sim. A letra é dele, não?

- Na verdade, é minha.

- Sua? Que legal.

- Pois é, feita há tempos.

- Não conhecia.

- Nunca bem conheceu...

- Como?

- Nada.

- Hum... E de resto, tudo bem?

- Tudo! As contas, então...

- Como?

- Nada.

- Bem, até mais, então.

- Até.

- Se cuida.

- Tenho tentado.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

EU


Eu

Que aprendi a comer e engordar
A crescer e trabalhar
A ser chefe, mandar na família
A pedir o mesmo corte de cabelo
A sentar nos domingos e ler jornal

Sou presunçoso, mandão
Autoritário pai de família
Comedor de porco com feijão
Leitor da coluna de esportes

Passo tudo a meu filho
Que pára e observa
Que vê algo diferente
Mas chamo atenção no mesmo instante

Porque?
Ele tem que comer e engordar
Crescer e trabalhar
...

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Dois Lados

Ela olhava para ele de um jeito especial! Ela sabia que, na verdade, ele era tudo enfim que ela precisava ter. Ela reparava em tudo: o jeito, a forma de tratar as pessoas, a naturalidade entre os dois e se perguntava se poderia ficar ao lado dele por muito, muito tempo.
Ele gosta dela, ela sabe! E agora ela pode dizer o quanto ama aquele abraço, aquele beijo, aquele cabelo despenteado, aquelas palavras bobas que tanto a fazem rir e principalmente aquele jeito carinhoso extremo que só ele tem.
Em um determinado dia, ela quis falar. Ela queria mesmo, mas o medo da reação dela a impedia e a tornava mais angustiada. Foi quando ele falou! E a sensação que ela teve, ela nunca sentiu igual. O corpo estremeceu, os olhos quiseram chorar e a fala sumiu.
Então ela respirou fundo, olhou bem dentro dos olhos dele e retribuiu: "Eu amo você"!
Agora nada mais incomoda, porque tudo faz sentido e é perfeito quando ela está com ele...

. . .

Ele se mostrava com medo de tudo, sua cabeça era seu refúgio. Às vezes olhava pros dias e os dias passavam, passavam e ele não sentia nada. O dia quente, o vento fresco, a cor e o cheiro não estavam presentes, nada tinha valor.
Quando andava, via e sentia tudo. o mundo não havia sumido, as coisas tinham seu próprio sentido. Mas seu corpo mesmo era o que não se mostrava normal. Estava dormente, nada animava aquele ser, perambulava pelos movimentos que a vida fazia.
Mas então ela veio. E com ela veio o amor. Não que fosse avassalador. Mas era ainda melhor, com uma mistura de tensão e morosidade que o fazia se sentir muito bem.
Ela tinha o jeito certo, com as formas certas e a voz mais doce que ele já ouviu. Tinha mãos de carinho e cabelos de querer. Cheiro de se cheirar e boca daonde se beber. Olhos pra se voar dentro e perder o ar.
E assim ele volta à vida, vendo que tudo o deixa feliz, porque a pequena perfeita está do seu lado...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Não Adianta (Zeca Baleiro)

Não adianta,
Não adianta nada ver a banda,
Tocando “A Banda” em frente da varanda,
Não adianta o mar,
E nem a sua dor.

Não adianta,
Não adianta o bonde, a esperança,
E nem voltar um dia a ser criança,
O sonho acabou,
E o que adiantou?

Não tenho pressa,
Mas tenho um preço,
E todos tem um preço,
E tenho um canto,
Um velho endereço,
O resto é com vocês,
O resto não tem vez.

O que importa,
É que já não me importa, o que importa,
É que ninguém bateu em minha porta,
É que ninguém morreu,
ninguém morreu por mim.

Não quero nada,
Não deixo nada, que não tenho nada,
Só tenho o que me falta e o que me basta,
No mais é ficar só,
Eu quero ficar só.

Não adianta,
Não adianta o que não adianta,
Não é preciso, que não é preciso,
Então pra que chorar?
Então pra que chorar?

Quem está no fogo, está pra se queimar,
Então pra que chorar?

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Revelada

Tom: G
G D Am F
G D C

G                         D
Caminhando nas pedras
Am                      F
Meus pés encontraram a meta
G                       D
Sem a alma e o coração
C
Não iria dar tantos passos
G                    D
Tombos na escada só leva
Am                          F
Quem não sabe contar os degraus
G                      D
Tem que se deixar sempre aberta
C
A porta de onde a luz vem pra me guiar

G     D         Am             C
Pois todo o tempo a correr
F
Devora as pegadas que acabei de deixar
G  D           C  
E onde as mãos estão a ver
F
Vai se descobrindo das cortinas da escuridão
G   D        Am    C
Se for possível irei voltar
F
Te levo aonde for, te deixo sonhar
G  D         C
Eu tenho que ver pra poder crer
         F          E                   D CAmC G
Se revele, se mostre, por favor

domingo, 16 de janeiro de 2011

Eu sempre quis fazer
Um som diferente
Com notas marcantes
E um ar de inteligente
Mas idéias boas
Há muito tempo não tenho
Escolho palavras
Por não ter lenha
Pra colocar
No fogo que me falta
Pra me fazer feliz
Pois o sentido
Sempre tá em falta
O que é que eu sempre quis?
Eu não sei

Eu me sinto vazio por dentro
Me falta um sentimento
É de noite que o medo vem
Quero meu lar, eu quero paz
E ver a vida se levar pra frente
Oportunidade pra quem faz
Faz a chance de mudar
Mas espero estar
É o vazio que é triste
A idéia vai, aonde o corpo não vai
A vida brinca a letra voa
Eu perco o fio e ela cai.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

vidArte

Você consegue ver um filme e não lembrar?
É como um espelho. Uma história familiar. A saga é minha, é sua, é nosso tempo. Estão lá nossos sentimentos, pensamentos, ações e desejos. Tenho visto alguns e eles me mostram o quanto é humano viver o que eu vivi. Se esquecemos por vezes e nos repetimos, é só por ser uma boa hora de revermos o filme. Algumas vezes só bastava uma cena, uma fala ou um jogo de luzes. Outras vezes, apenas a música.
Você consegue ouvir uma música e esquecer?
É como o eco. Uma voz vinda do peito. Uma voz cantada por mim e por você. Ouço um suspiro, um grito, um sussurro, uma melodia que me encanta. Toda música é uma ode e toda ode é uma homenagem. Homenagear o amor, a solidão, a volúpia, a geração. A sociedade, o fim dos tempos, as guerras, os dias a mais, a esperança, a tortura, o belo, o infinito... E ouvir os CD's por mais exaustivo que seja, pela repetição, nos trás sempre o que sentimos da primeira vez. E as figuras e imagens que vêm às nossas cabeças.
Você desenha?
Eu sim. E tenho desenhado muito. Aprendi muito em pouco tempo e continuo melhorando. Desenho paisagens, edifícios, sombras e luz. Nas mãos o lápis, a caneta, o carvão, a tinta, as canetas e lápis de cor, o papel. O traço reflete minhas intenções, as cores, minhas emoções, a luz e a sombra mostram meus pensamentos.
Só pela empatia a arte tem serventia. Tanto a arte consumida, quanto a produzida nos faz lembrar de momentos. A vida, e aí, é isso, são os momentos. E cada um tem seu cheiro, cor, som, sabor e sentimentos. Por isso tudo vale, se o que quisermos for viver.

Do entardecer...

Do entardecer...

Ao amanhecer

Ao amanhecer