quarta-feira, 12 de maio de 2010

Pausa no Caos

A paixão intensa me deixa bobo. Me deixa cheio de sabores para falar, cheio de decisões para tomar, nada muito lógico, um impulso. Me deixo cair no chão e curtir o clima, para depois me reestabelecer no sistema inóspito da rotina. Mas já não é rotina, é velejar. O vento sopra pra me levar, vou onde ele quiser, peço movimento, contradições, doando a minha cabeça numa travessa de prata, não me serve de nada, mas me deixe com um coração. Voltas e voltas não levam a nada, só a me ver por trás, mas isso eu não quero, não deixo acontecer. Volúpia é razão, é rumo, caminho, meta.

Saído de uma balança digital, peço que me levem a um centro qualquer de qualquer coisa só para sentir o balanço da vida.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Eu, Tu, Eles


Eles estão apavorados com o alvoroço! Querem saber o que aconteceu de fato, não parece verdade. Será loucura o que motivou todo o episódio?

Ele já não entende o que o levou a estar ali, mas uma coisa é certa: sua moral depende daquilo. Sem temer o próximo passo ele avança, perdendo a chance de ficar calado. Fala tudo que faltava, perde o juízo, mas se contém no final. O sangue começa a voltar ao normal, seu rosto ainda corado perde a expressão tensa que manteve desde a primeira palavra até se calar mas suas mãos tremem. Sai. Será que foi a coisa certa?

Você acorda no quarto escuro e suas pupilas estão dilatadas. Não se lembra do que houve na noite passada, aliás não faz idéia do que foi a sua vida nas últimas semanas. Tudo parece um sonho. Sua lembrança mais real é a de alguns dias atrás ter entrado meio bêbada comigo numa montanha russa e de ter passado mal durante o circuito. Ainda chegou a beber mais depois de dar umas voltas e melhorar do enjôo, mas a imagem do resto não fica nítida na sua mente agora. Você levanta e sente um ardor nos cantos da barriga e se dá conta que precisa urgentemente ir ao banheiro. Sua voz é rouca quando bate de cara em uma parede, onde você está?

Nós dormimos juntos na noite passada, você disse que estava louca e eu que estava amando. O beijo durou uma eternidade até a loucura me tomar conta e você se afogar em paixão. Tivemos certeza que iria durar um bom tempo essa viagem. Mas afinal, quando teremos outra chance de nos ver?

Vocês temem pelo presente e eu pelo passado. As suas vidas foram divididas em outra ocasião, não fazem mais um casal. Suas rotinas burocráticas, seus costumes patéticos, seu amor maquinal não têm lógica para mim. Onde um dia houve carinho, eu vejo só remorso e culpa. Vocês perderam contra si mesmos, é a verdade, sabe... Vieram me conhecer sem terem coragem de achar que sua relação estava morta. Não era o momento certo de eu entrar na sua vida?

Eu vivo como a escória da cidade. Quem passa por mim, ou vira a cara ou se mostra interessado. Essa é a minha vida, tive escolhas, preferi esta. Mas como iria adivinhar o futuro, saber de você, meu amor, saber que um dia minha vida iria virar ao contrário? Eu vivo da minha saúde, sou atraente, forte, sagaz. Foi o que aproximou vocês. Mas essa rotina não me agrada, vi logo que não seria a minha praia. Você estava linda e carente, ele com receio e curioso. Mas isso seria só aquela noite. Seus afazeres enredaram vocês e eu me vi só, não foi a mesma coisa nas noites seguintes. Como fui me envolver dessa forma?


Mas o acaso me foi justo, colocou você na minha frente, ruborizando ao me reconhecer. A noite foi maravilhosa, mas você sentiu culpa e aí eu lhe propus. Viajamos, fugimos e voltamos. Te deixei no meu quarto, no centro e fui buscar minhas coisas no trabalho. Ele estava lá, com cara de corno, ficou lívido quando me viu. Falou, falou e falou, nada que pudesse curar seu coração partido. Senti pena mesmo. Quer dizer, até ter percebido que ele ainda me deu uma olhadela antes de sair da pista. Todos atordoados, deixei que acreditassem no que queriam, saí também. No caminho pra casa você vem na direção oposta, um casaco meu seus jeans molhados, cara de ¨o que vou falar¨. Facilito pra você, começo eu a conversa. Digo tudo o que penso e espero sua resposta, você olha nos meus olhos indecisa, não me segurei, na frente de quem fosse, dei-lhe um beijo, apesar de eu ainda estar duvidosa. Quem diria?

Do entardecer...

Do entardecer...

Ao amanhecer

Ao amanhecer