terça-feira, 28 de abril de 2009

Caro zoon politikon...


Há dias em que se nasce e há dias em que se morre. Sigo a sina da disritmia, sem parar, sem parar de mudar, não sei mais pra onde eu ia. Quem realmente já aprendeu a viver? O que se espera fazer durante uma vida? Você espera e você faz, é o que dá pra arriscar. Eu? Não, eu não danço bem a vida, ela está em descompasso! O furacão é uma semente da mais bela flor existente...

Até onde, de fato, eu sou? As barreiras são fictícias, mas relevantes; as jogadas são reais, mas contornáveis. É assim que levamos bem nossos dias, nossas vidas, nossas hipocrisias. Se há algo mais absurdo que tudo no mundo, é a coerência. Volta e meia me sinto perdido naquilo que é meu. Aquele objeto construído, aquele mundo tão próximo, tudo se correspondendo... e aí, me sinto um corpo estranho, sou expulso dali. Me sinto até mal visto por aquelas bandas.

E o que resta no final? Palavras soltas, conceitos puros? Que ordem louca é essa que estão colocando no caos? Absurdo! Somos todos loucos, absortos na loucura, absolvidos por ela, absolutos nela, mas... abstraídos dela, abismo abissal!

Haverá toda loucura, todos os distúrbios, toda insensatez, mas não haverá mediocridade. A fenda estará exposta como um corte feito por navalha, profundo, brotando sangue. Seus males expurgados, o divino ficará a mostra com toda sua perfeição caótica, sem postura nem comedimento, tudo pode, porque é!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Buscar e Fugir


Somos caixa e somos flor
Tantas cores para dar
E viagens pra repor
Solitário é o que vai
Não se espera o seu retorno
Vamos logo, vamos sempre
Subterfúgio inexistente

Práticas no abismo
Deixando tudo ao redor
Face a face com o perigo
Faça fluir o torpor
Sem palavras até perder o sonho
Cabisbaixo no metrô
Venha experimentar meu abrigo
Tem carinho e tem dor

Parabéns a todos
Que perderam o pior
Quando se espera tudo
Nada tem valor
Coisas mesquinhas
Miúdas, sem paixão
Quem dera viver assim


Autômato do viver
Automático no querer
Autoritário com sua fome
Automóvel do esquecer

terça-feira, 21 de abril de 2009

Pêlo de Mar

Flor de cânhamo em nós
Nós que viajam, viajamos
Nós sós
Sóis que se põem atrás
De nós surgindo grandes sombras
Sois sóis

Folhas de papel que seguem com o vento
Vão por entre nuvens, segue o pensamento
Só plantem as flores, deixe o sol andar
Viagens pelo mar, pêlo de mar não há

Sonho só nós dois e mais
Dois nós que velam, cera quente
Quem tem
Quem será trazendo ao cais
Quais coisas leva, mãos atrás
Mas vem

Quase quero mais, não posso, mas vem cá
Quem tem o poder não conseguiu do céu
Brotam por debaixo da planta dos pés
Quais eu quero, mas não posso mais

Por onde se anda

Pelas ruas desertas

O bêbado bamba

Tendo em vista uma noite

A que passou


A que ainda é

Dessas pra se contar

Dessas pra
preambular


E depois não lembrar...

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Bota Fora

Sozinho agora, sim, mas também sempre... Reticências para dizer: evasivo. Soterrado pelas lembranças, quem diria. Passo por cima do muro, já fiz dessas, mas agora tento a vida mais pura. Parques, subidas, pastagens, uma igreja, o rio, olha lá! Perco a vista daqui de onde espero, vou brincando de mudar tudo. Vamos ouvir música? Ouça daí: The Thrill is Gone, do rei.

Aquela cerveja não tem mais o mesmo sabor, é outra coisa, além da lata, que mudou. Bebi mas não fez diferença, cadê o resto? Quantos projetos eu vejo e refaço, mas é impraticável fingir que seria mais fácil do que está se mostrando ser, mas muito pelo contrário. Sabe aqueles dias de modorra, de férias decadentes, sem nada pra se fazer ou se mostrar?

Agora Cocaine, pra mudar os ânimos! Mudança de planos, era da fartura, sem tirar, só pôr. Barrigas de fora, sorrisos escancarados, rostos compridos, coisas novas, tudo que preciso pra sair e me sentir vivo de novo. E música, sempre, sempre, sempre... Tudo aqui é assim, sem riscos de mostrar, de esconder, enfim...

Porta de saída, sempre aberta, janela da alma, tudo remete à ambiguidade da face, de lado ou de frente, um tempo depois é igual. Agudos e graves são aglutinados porque é como deve ser. Padeço do mal dos impregnados, impregnados da dor, da paixão, cheios de rachas e bordas, complexo em peça única.


Aí está então, sobra só a forma do que ainda vem. Digo de novo: portas abertas! Melancolia mesclada com alegria, porque não existe outra fórmula pra se dar certo. Ia explodir na cara, com certeza iria... Pra quem não percebe os lembretes no espelho, siga em frente será feliz também, pode ser outro caminho a se seguir, quem sabe... essa foi a última música.


...por hora...

Ancião

No alto se pode, se faz o querer
Quem nunca perdeu a fome de viver?
Teria chances mais sinceras de estar
Com todas as palavras, não se deixando voar...
Posso estar errado
Ponho isso de antemão
Sábias palavras as que falam
Sobre um pássaro na mão
Ondas, nuvens perfeitas
Não as separo com o olhar
Mas com a mente aberta

Posso viver de outras formas
Mas seria o eterno esquecer
De lembrar pra tornar a querer
Só que posso
Vou, mas volto
Estou sempre a postos
Fagulhas não cegam, só serpenteiam
A arte de olhar
Sem pedaço de mim por prender
Qualquer coisa pra te dizer
Cem pedaços de mim vão pender
De um móbile em equilíbrio

Do entardecer...

Do entardecer...

Ao amanhecer

Ao amanhecer