domingo, 26 de dezembro de 2010

Poema do ano

E quando tudo era perfeito
Ou quando tudo era errado
Quando éramos iguais
Ou estávamos despreparados
Se eu tinha tudo em mãos
era às vezes desperdiçado
Mas não se deixe permitir
Porque tudo pode estar parado

Esqueço o que a dor é
Qual seria sua tormenta
Sua forma de prazer
Sua água benta
Quantos fazem o amor parar
e quem a própria dor arrebenta
pode ser que um dia acabe
Ou pelo menos é o que se tenta

Sabe o odor do ofício?
O cheiro de mesmo
O cheiro do vício?
Pois é o que me corrói aqui
Mas enfim, o que me faz seguir
Tolerância em dobro não é virtude
Antes é preguiça
Minhas areias-movediças

Soro de hospital
Sonho de natal
Vésperas de ano novo
Meu fígado é de um corvo
Sério e sem graça
Digo, desgraça
Porque não há mal nenhum
No fim de tudo, sem motivos não rimar

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Geração Instantânea

A cada segundo escutando, está perdendo o tempo. Mil coisas sem fazer porque ouviu uma música. Se em três acordes não se resumir uma idéia, não vale a pena.

É o tempo do consumo e da praticidade, diga logo o que quer contar, sejamos diretos. E faça uma melodia fácil de guardar. Pode falar de amor, de liberdade ou revolta, contanto que no fundo, no fundo seja mentira. Só pra sentir o que está na canção e achar que sou eu e assim sossegar, como se estivesse junto de tudo, fazendo parte daquilo, em empatia forjada. Música ouvida, volta ao dia a dia, achando o caminho perfeito pra auto-piedade. Se torna mais fácil a conformação.

Só não se esqueça que o tempo é curto e solos e coisas do tipo me fazem perder a métrica, o pulso da rotina e a cadência acinzentada. E que frases repetidas, fora o refrão, dão vontade de passar e começar logo a próxima faixa.

A tolerância ainda é grande! Pois nem é como se pedisse que "se vire nos 30", contanto que não sejam também mais de quatro minutos. Aí já é exagero porque a minha geração é Fastfood.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Surto à Sós

Quem não vir a porta aberta
Ou os que vão ver pela fresta
Só enxergar o vão da porta
Ter visão em vão, morta
Não viver a vida alheia
Nem vazia, nem cheia

Posso lhe contar estórias
Ou andar por outras bandas
Mas não penso em desistir agora
Pois negar o que foi dado
E enganar, viciar os dados
Só consigo me entender, mas sem me explicar
Quero uma vida boa, ficar a toa
Estando sempre aberto e na proa
Não sai nada do vinil antigo
Mesmo o som, um bom amigo
Nada... que de enorme oco
Ecoa

Não terei você pra sempre
Me agradando e dizendo suas loucuras
Perdi a flor que carregava na lapela
Mais fácil era levar uma pedra
Sem descoser o algodão
E as velas de um navio a desembarcar
Partem da bonança
De uma vida sem lembrança

Bebo eu e meus amigos
Para deles me afastar
Pois os livros são inimigos
Daqueles que não posso gostar
As palavras que estão dispostas
São pra quem quiser viajar

Antigas Palavras II

APOSTA

Eu já cobri sua aposta e aumentei com tudo meu
Você cobriu sem aumentar, só pra ver antes do que eu
Com humildade eu abaixei a minha mão com um par de reis
Já te mostrei as minhas mangas, não há cartas, não roubei
Parece até ser humilhante, um par em uma mão tão grande
Mas digo que na vida o simples é o mais importante

...

BUSCAS

Procure o seu ideal
Cada um com o seu
Cada qual
Todos são guias de si
Porque o que você quer
Não se pode inibir

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Moça-fel

Muito bem escovado
Acho que não o cabelo
Mas o sorriso acordado

Era a sua capacidade de ir
Ao trabalho ou à faculdade
Ou a todos os seus encontros
Procurando o ponto fraco dos outros

Sua saída era a contramão
Só que os gestos de suas mãos inglesas
Oprimiam com um não

Sem ter pra onde ir
Nem ninguém pra lhe perdoar
Mais fácil era sorrir
Na hora que fosse pra se chorar

Dia inteiro sem comer
Uma barra de cereais seria um prazer
Vaidade que destrói por dentro
Mostrando por fora um falso monumento

Muito bem escovados
Acho que não os seus dentes
Mas seus cabelos cansados

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Noite Loba

O lobo solitário, ele espreita a noite. Sua pele é o frio escuro da mata. Sua alma está em seus olhos, seu espírito é revolto como a nuvem rápida e negra, imperceptível no ar. A caça, tem para si, se mostra como única opção, quando tudo mais não existe.
Quando ele se move, sua passagem é lenta, fria, calculada. O erro é a morte, a segurança, uma armadilha dissimulada. Poderia se esconder do próprio reflexo no espelho. A colina, o escuro, a solidão. É casa. Lado a lado com a Infalível, sabe que acreditar em algo além de si próprio não vale a pena.
Seus olhos se prendem num objetivo, único objetivo, única existência em todo o universo, é o foco. A respiração é ritmada e precisa, coração prestes a receber adrenalina num pulo. Os pelos eriçados, o corpo tenso e narinas dilatadas. Apenas um momento, acabou. E mais uma vez volta a ser noite.

domingo, 24 de outubro de 2010

Olhos de Criança

Toda criação
Não tem sabor, nem pão
Toda semelhança
Corre com jeito de criança
Toda humilhação
É amenizada com esperança de paz
Toda tristeza
Se mostra na beleza do olhar

Parto do princípio
Que a sua voz é o precipício
Tento redobrar a atenção
Desde o início
Busco esse escuro
De tão puro está tão claro
Sem reincidência, sem clemência
Eu nem reparo

Venha querida
Ver minhas feridas
Lamba meus traços
Meus rastros, meus bêbados passos
Sinta que o olhar
Não pode falar quando quer guardar
Essa alma fechada está
E você não poderá entrar

Toda certeza dessa criação
Toda certeza que eu digo não
Esqueça tudo que eu falo
Tudo que eu digo, esqueça
Só venha me abraçar
Com essa sua doce presença
Seus cabelos a balançar
Com o vento
Que te acaricia

De uma simples canção
Eu sinto o ar, sinto o mar
Sento num coração
Devagar, sem pensar
Toco a beleza, toco a pureza
Perco a tristeza do olhar
Sinto estranheza
Pois não é o meu lugar
Mais uma vez estando aqui
Vou me mudar

Pra sempre vou estar aqui
Eu sempre estarei a procurar
E tento uma chance
De um romance
Vamos dar as mãos
E vamos devagar
Vamos correr, vamos dançar
Pego o seu olhar
E boto nas estrelas
De uma noite sem luar


Sinto que não está tão presa
Em ti, aqui, quanto deveria estar
Mas é a cabeça que não deixa
Que não nega aquele olhar
Passo toda situação
Sinto que você quer um não
Busco na tristeza do olhar
Uma semelhança
Com o passado similar
Ao de uma criança

Toco no seu olhar
Ponho no seu altar
E vejo a planta crescer
E dar frutos pra tudo recomeçar

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Antigas Palavras

Nasce um falso dia bom
Pra esconder a cor do som
Já tão alto
É a mesma cor do pão
Sua base é a mão
Do pacato

Sou só um guardião
Do terror
Como seria bom
Compartilhar a dor

 - - -

Acorda coração
Que já não é mais verão
Estamos no cordão
Da inexatidão

Pois temo que essa vida
Não possa nunca mais ser revivida
E que cada passo dado
Eternamente se torne passado

Venho de coração
A apertar sua mão
Mas sinto que na sua paz
Esteja escrito "jaz"

 - - -

Vidas infelizes são vividas
Sonhos são passados para os filhos e netos
O dia nasce e a parede continua erguida
Todos se conhecem sem nenhum afeto
Não há cumprimentos numa van lotada
Mas escolho uma saudação para o celular
A preocupação em fazer hora extra
Mata o bem do filho, envenena o lar

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Torturas II

Queria ser seu poeta, tua alma
Seria tudo, perdido no espaço

Sonho você e sossego
Meu sangue em suas veias
Pois a volta que dão
Seus braços em mim
Me fazem parar e pensar
O que mais falta aqui
E não falta
Como posso sair?

O louco aqui sou eu:
Quem se embrenha
Na mata fechada
Quem gosta do gosto do perigo
Se perde em desejos, em beijos
Quem não se importa
Pois o importante é viver
Dar a cara a tapa e gostar

A ferida que eu lambia para cicatrizar
Agora mordo pra eu ver sangrar
Sinto esse gosto de sangue
Essa tontura, esse transe
transeunte do espaço
Voltam as rimas num laço
Temo o que adoro
Enquanto rio, choro

Vá e não tenha medo
De um dia querer voltar

...
Enquanto eu lhe digo eu te amo
Você que chama a mim de meu amor
Quem é aquele que está se enganando
Qual desses dois que já esqueceu da dor?

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Sua Estupidez (Roberto Carlos... mas ouça na voz da Gal Costa)

Meu bem
Meu bem

Você tem que acreditar em mim
Ninguém pode destruir assim
Um grande amor
Näo dê ouvidos à maldade alheia
E creia
Sua estupidez não lhe deixa ver que eu te amo

Meu bem
Meu bem
Use a inteligência uma vez só
Quantos idiotas vivem só
Sem ter amor
E você vai ficar também sozinha
E eu sei porque
Sua estupidez não lhe deixa ver que eu te amo

Quantas vezes eu tentei falar
Que no mundo não há mais lugar
Prá quem toma decisões na vida sem pensar
Conte ao menos até três
Se precisar conte outra vez
Mas pense outra vez

Meu bem
Meu bem
Meu bem
Eu te amo

Meu bem
Meu bem
Sua incompreensão já é demais
Nunca vi alguém tão incapaz
De compreender
Que o meu amor é bem maior que tudo
Que existe

Mas sua estupidez não lhe deixa ver
Que eu te amo

Torturas

Estava caindo
Tão pequeno em mim
Não me esqueço, só canso demais
Tomei comprimidos, cuidados e sustos
Tomei de assalto e tomo conta
Estava sempre alerta

Estava tão só e parado
Que o mundo estagnado corria
E o eterno não parava um segundo
Caçava o que ainda poderia ser
O meu mundo
E não perdia a chance de me iludir

Parei de sonhar
Quero aquilo perdido entre os dedos
Sem motivo aparente
E sem dó
Cada dia está como deveria estar
E como eu deveria estar?
O pássaro vermelho
Passa sobre mim e me observa
Me quer
Mas não o deixo chegar mais perto
Porque o que serve na vida que eu vejo
ë o que sempre olha por baixo

O desejo
Cega

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Nostalgia

Passei para um caderno vários escritos aleatórios, não postados não sei porque. To agora fazendo isso. Tem muita coisa ainda, mas a gente vai levando...

Além disso, fui a Niterói e descobri umas letras antiquíssimas minhas e de Vinicius amigo meu. Tô postando no blog "É só passado". Porque só é passado, não tenho criatividade mesmo pra nome de blog e quando tenho fica isso, "Botaforas", nada de mais.

Então é isso, pra fingir que estou numa explosão criativa eu fico usando coisa velha pra vocês, meus caros leitores (acho que não são um ou mais) ávidos por minhas Poesias, Botaforas, Idéias, FicçõesNotas ou Coisas de humor duvidoso. Abraços!!

Carta de Amor (em verso)

"
Eu só estou cansado
De levar esse coração
Que fica cada vez mais pesado
Ao ser passado de mão em mão

Só canso de não achar o alívio
Em confiá-lo a alguém
Que o tato não seja fugidio
Que queira dele cuidar bem

A confiança que eu espero
Em não apertá-lo muito além
Do que ele aguenta, e eu quero
Uma vez mais me sentir bem"

(...também das antigas)

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Lágrimas de Dor

"Ao te ver chorar, ofereço meu ombro amigo. Mas ao sentir seus cabelos, penso em ter um ombro mais que amigo para ti. Ao ter você em meus braços, sinto suas lágrimas rolarem de encontro ao meu braço.

E neste exato momento elas são absorvidas pela minha pele, penetram na carne e já não pesam e vão de encontro a meus olhos, através do sangue, me fazendo compartilhar desta dor tua, tão minha agora. Eu, que te consolo, que te abraço, que te beijo o rosto, molho seus cabelos com lágrimas antes suas e que agora fecham o ciclo de dores compartilhadas por mim que te abraço, que te quero, mas não me deixo, de forma alguma, te mostrar tal sentimento, somente por medo de ferir esta nossa amizade tão íntima, só nossa.

Nossa e de nossas lágrimas."



(...das antigas.)

Passeio

 Cabisbaixo pela praça, anda como quem tivesse para onde ir. Desde que ouvira a música tocada no rádio semana passada, que se encontra assim, aéreo. Pendidos, seus cabelos por sobre os ombros escondem seu rosto e tatuagem, meio adolescente rebelde. A chave de casa, já em mãos, faz parecer que mora logo ali, mas não. Na verdade, tem andado segurando-a faz horas, sem saber exatamente o porque. Os pés não estão doendo, o sol não está tão quente, então ele continua a andar.
Sobre os ombros uma mochila; dentro dela um all star. Além de umas roupas não tão limpas. Nos bolsos, um folheto de uma loja de malhas, outro de um político, um trocado e uma das mãos. Seus chinelos vão acumulando a poeira da rua, entre os dedos, uma crosta negra se instala.
O corpo vai tomando consciência de si, sob a camisa os pêlos tem movimento. As pálpebras se movem voluntariamente, palpitar do sangue é ouvido atenciosamente. Cores se misturam, Coceiras vão relembrando infâncias, toques e gestos de outros são reconhecidos em si mesmo. A pele toca o ar, o ar que já não está lá. A temperatura variou bastante tão de repente...
Um amigo chama de um bar, a cerva entra doce. Toda a experiência foi esquecida, mas estará pra sempre latente. Mais um dia pra desabafar.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Terceiro Ato

Am Am C DmAmGF

Am                F
Se um dia vier
       G              E
Um dia vier a chuva
Am                F
Veja uma TV
E
Pra se saciar
Am
Faça da sua vida
G
O que bem entender
F
Tenda para o mal
      E
E o bem do bem querer

Am                C
Solte suas mãos
G                 D4
Corra pela vida
Am                     C
Mas sinta que no fim
          E                Am
Você veio a perder

Am               F
Eu já lhe falei
G                           E
Pra que não colha flores
Am                 F
Que suas desculpas
E
Não vão mais funcionar
Am
Tento com palavras
          G
Fugir dos desejos
F
Que essa fonte sua
            E
Já não pode saciar

Am                    C
Solte suas mãos
G                D4
Corra pela vida
         Am             C
Mas sinta que no fim
           E              Am
Você veio a perder


REFRÃO

Soluce, chore, entenda

Sinta orgulho, ou reprimenda

Mas você vai estar esperando

A si mesma no fim

Torture-se escrevendo

Sinta o seu peito arder

Se perca na estrada

Odeie você

Am                F
Você me falou
G                              E
Que já não tinha volta
Am                        F
Que suas paixões
E
Iriam estacionar
Am
Pois coleciono vozes
G
Que vão me dizer
F
Qual a forma que eu vejo
E
O mundo funcionar

Am                       C
Guarde suas pedras
G                   D4
Leve o seu calar
Am                 C
Solte suas mãos
G                    D4
Vida a debandar
Am                  C
Sinta que no fim
G                       D4
Você veio a perder
Am                  C
E veja que enfim
E                              Am
Tudo irá desmoronar

REFRÃO


Pois os calos dos dedos doem
E as marcas nos lábios secos
A postura se encurvou
Um caminho por entre os becos
Já que agora já não está
Abriu carnes, matou segredos
E com força torno a gritar
Com coragem enfrentei medos
Pois fui um cão a te guiar
Sinto a raiva, sinto a ternura
E como um cão pôs-me a chutar
Coração, só uma crosta dura

Pois os calos dos dedos doem
E as marcas nos lábios secos
A postura se encurvou
Um caminho por entre os becos
Pois fui um cão a te guiar
Com coragem enfrentei medos
E como um cão pôs-me a chutar
Abriu carnes, matou segredos

E com força torno a gritar
Sinto a raiva, sinto a ternura
Já que agora já não está
Coração, só uma crosta dura

Fim

A chuva caiu. Nada mais poético que o timming desse clima. Um dia nublado, um dia sem nada, e eu ainda não chorei. Não me permito chorar. Disse isso a mim mesmo, não vou sofrer mais que o mínimo. Mas o pensamento... ele não sai dela. Ai, que fará uma semana e são dias inteiros sem parar de focar a mente nisso. Todas as fases vem e voltam, do ódio pra mágoa, da mágoa pra tristeza, da tristeza pra revolta, da revolta pra melancolia, da melancolia pro descaso, do descaso pra conformação, da conformação pro perdão, do perdão pra simpatia, da simpatia pra sei lá mais o que...
Não consigo me centrar no que preciso fazer, só no que eu queria fazer, e o que eu queria fazer, ah, como eu não queria querer! É uma raiva de mim mesmo, que não estou forte, que não sigo em frente. Ainda persigo, descubro mais motivos pra doer, era mais fácil não ter gostado tanto assim.
Mas eu não consigo, é imposível, o corpo reage contra a mente. Sinto ainda a fraqueza de poder acabar perdoando e voltando atrás. Não posso fazer isso! Onde estou, onde está você, não quero saber... quero sim, não! Pare com isso, Se mostre capaz, firmeza. Ela quem quis assim, ela buscou o pior, não reinstaure o caos na sua vida. E não chore!
Procurarei alguém, vou sair, vou esquecer. Mas já quebrei o pacto, perdão porque pequei. Marquei de encontrar pessoas próximas, pra que? pra me sentir ainda por perto, pra me enganar? Ou pra passar a imagem de que estou por cima? Mas e se eu desabar, não dá. Siga, só siga. Não vou seguir. Vou tropeçar. Mas estou tão só, não me mantenho sozinho. Amigos que realmente serviriam pra isso estão longe.
Me surpreendo como outros já voltaram atrás. Será compreensão? Ou desespero? Muito o que fazer e eu aqui pensando nisso.
Ainda preciso pular a faixa, virar o disco. não é página virada ainda. Droga.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Do porque de uma nova cara do Blog e reclamações sobre o tempo, mesmo quando limpo e azul...

O novo visual é pra fingir que vou voltar a escrever alguma coisa por aqui, além de homenagear o tempo de Juiz de Fora nos últimos, o que, três meses... seca total!!! Vamos ver se o visu anima o tempo por aqui e cai uma chuvinha que tá díficil!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Pausa no Caos

A paixão intensa me deixa bobo. Me deixa cheio de sabores para falar, cheio de decisões para tomar, nada muito lógico, um impulso. Me deixo cair no chão e curtir o clima, para depois me reestabelecer no sistema inóspito da rotina. Mas já não é rotina, é velejar. O vento sopra pra me levar, vou onde ele quiser, peço movimento, contradições, doando a minha cabeça numa travessa de prata, não me serve de nada, mas me deixe com um coração. Voltas e voltas não levam a nada, só a me ver por trás, mas isso eu não quero, não deixo acontecer. Volúpia é razão, é rumo, caminho, meta.

Saído de uma balança digital, peço que me levem a um centro qualquer de qualquer coisa só para sentir o balanço da vida.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Eu, Tu, Eles


Eles estão apavorados com o alvoroço! Querem saber o que aconteceu de fato, não parece verdade. Será loucura o que motivou todo o episódio?

Ele já não entende o que o levou a estar ali, mas uma coisa é certa: sua moral depende daquilo. Sem temer o próximo passo ele avança, perdendo a chance de ficar calado. Fala tudo que faltava, perde o juízo, mas se contém no final. O sangue começa a voltar ao normal, seu rosto ainda corado perde a expressão tensa que manteve desde a primeira palavra até se calar mas suas mãos tremem. Sai. Será que foi a coisa certa?

Você acorda no quarto escuro e suas pupilas estão dilatadas. Não se lembra do que houve na noite passada, aliás não faz idéia do que foi a sua vida nas últimas semanas. Tudo parece um sonho. Sua lembrança mais real é a de alguns dias atrás ter entrado meio bêbada comigo numa montanha russa e de ter passado mal durante o circuito. Ainda chegou a beber mais depois de dar umas voltas e melhorar do enjôo, mas a imagem do resto não fica nítida na sua mente agora. Você levanta e sente um ardor nos cantos da barriga e se dá conta que precisa urgentemente ir ao banheiro. Sua voz é rouca quando bate de cara em uma parede, onde você está?

Nós dormimos juntos na noite passada, você disse que estava louca e eu que estava amando. O beijo durou uma eternidade até a loucura me tomar conta e você se afogar em paixão. Tivemos certeza que iria durar um bom tempo essa viagem. Mas afinal, quando teremos outra chance de nos ver?

Vocês temem pelo presente e eu pelo passado. As suas vidas foram divididas em outra ocasião, não fazem mais um casal. Suas rotinas burocráticas, seus costumes patéticos, seu amor maquinal não têm lógica para mim. Onde um dia houve carinho, eu vejo só remorso e culpa. Vocês perderam contra si mesmos, é a verdade, sabe... Vieram me conhecer sem terem coragem de achar que sua relação estava morta. Não era o momento certo de eu entrar na sua vida?

Eu vivo como a escória da cidade. Quem passa por mim, ou vira a cara ou se mostra interessado. Essa é a minha vida, tive escolhas, preferi esta. Mas como iria adivinhar o futuro, saber de você, meu amor, saber que um dia minha vida iria virar ao contrário? Eu vivo da minha saúde, sou atraente, forte, sagaz. Foi o que aproximou vocês. Mas essa rotina não me agrada, vi logo que não seria a minha praia. Você estava linda e carente, ele com receio e curioso. Mas isso seria só aquela noite. Seus afazeres enredaram vocês e eu me vi só, não foi a mesma coisa nas noites seguintes. Como fui me envolver dessa forma?


Mas o acaso me foi justo, colocou você na minha frente, ruborizando ao me reconhecer. A noite foi maravilhosa, mas você sentiu culpa e aí eu lhe propus. Viajamos, fugimos e voltamos. Te deixei no meu quarto, no centro e fui buscar minhas coisas no trabalho. Ele estava lá, com cara de corno, ficou lívido quando me viu. Falou, falou e falou, nada que pudesse curar seu coração partido. Senti pena mesmo. Quer dizer, até ter percebido que ele ainda me deu uma olhadela antes de sair da pista. Todos atordoados, deixei que acreditassem no que queriam, saí também. No caminho pra casa você vem na direção oposta, um casaco meu seus jeans molhados, cara de ¨o que vou falar¨. Facilito pra você, começo eu a conversa. Digo tudo o que penso e espero sua resposta, você olha nos meus olhos indecisa, não me segurei, na frente de quem fosse, dei-lhe um beijo, apesar de eu ainda estar duvidosa. Quem diria?

Do entardecer...

Do entardecer...

Ao amanhecer

Ao amanhecer