sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Passeio

 Cabisbaixo pela praça, anda como quem tivesse para onde ir. Desde que ouvira a música tocada no rádio semana passada, que se encontra assim, aéreo. Pendidos, seus cabelos por sobre os ombros escondem seu rosto e tatuagem, meio adolescente rebelde. A chave de casa, já em mãos, faz parecer que mora logo ali, mas não. Na verdade, tem andado segurando-a faz horas, sem saber exatamente o porque. Os pés não estão doendo, o sol não está tão quente, então ele continua a andar.
Sobre os ombros uma mochila; dentro dela um all star. Além de umas roupas não tão limpas. Nos bolsos, um folheto de uma loja de malhas, outro de um político, um trocado e uma das mãos. Seus chinelos vão acumulando a poeira da rua, entre os dedos, uma crosta negra se instala.
O corpo vai tomando consciência de si, sob a camisa os pêlos tem movimento. As pálpebras se movem voluntariamente, palpitar do sangue é ouvido atenciosamente. Cores se misturam, Coceiras vão relembrando infâncias, toques e gestos de outros são reconhecidos em si mesmo. A pele toca o ar, o ar que já não está lá. A temperatura variou bastante tão de repente...
Um amigo chama de um bar, a cerva entra doce. Toda a experiência foi esquecida, mas estará pra sempre latente. Mais um dia pra desabafar.

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Do entardecer...

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Ao amanhecer

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