terça-feira, 19 de maio de 2009

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...te comer inteira, sob um céu carmim, te dar de bandeja tudo que é de mim, tão risonha e bela sua prostração, bife de panela cheira a tentação...

Como tudo que é intenso, tudo que não borda, transborda, tudo que persegue o infinito, tudo que peleja, dói, almeja, destrói, deseja, corrói, caleja e mói. Como a ostentação da verdade, do belo, do perfeito, do bom; como o mar... o mar que está longe, o mar que está perto, não perto, não. Dentro. Dentro de mim. Dentro de mim, um mar. Nesse mar, tudo que há. Aahh...

Anjos borrados numa folha de papel, eu os fiz, eu em lágrimas, eu os manchei. Sempre atento a todo meu amor, a todos os meus amores. A tudo que é amor, serei atento. Atento.. lento.. sento e tento transbordar, mas não existe mais nada a dizer, nem pra escutar. Tudo será dito com mil palavras quietas, nunca passarão da garganta, menos passam que trespassam. Aquela voz calada, contida, segura no pouco que me resta de seguro no mundo, meu corpo, minha vida, minhas lembranças, não há nada meu, ilusão. Podo flores, ponho em vasos, já estão mortas, água pra preservar daquela que já veio e já levou, a Morte. Faço as regras, cumpro todas, depois desfaço-as e cumpro de novo. Levo facas afiadas, elas sempre para mim, apontadas para mim, ameaçando a mim, um dia ainda serão lançadas contra mim.

Espero o ar puro cada manhã, rogando para que um dia seja o dia, aquele dia que tudo irá mudar, só pra continuar a ser aquilo que sempre havia sido. Meio torto, meio morto, meio solto e revolto, nem poesia nem prosa, rima ao léu, venturosa, só pra você lembrar de mim. E quem sabe, um dia... te comer inteira...

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