terça-feira, 5 de maio de 2009

Eros e Psique


Enlaçados os dois, apaixonados. As asas do amor que elevam a alma ao sublime. Só têm olhos pro outro, externos ao mundo em volta, beleza e pureza são um só objeto. Objeto eternizado em mármore, objeto admirado através dos séculos, tamanha é a sua proximidade do real.
A lenda fala do Amor, quando omite sua forma, sua aparência, fala da Alma, inquieta, curiosa, buscando algo mais tangível, a beleza. Saí ferido o Amor, pelo azeite também; porém mais pela desconfiança, essa sim, de veneno sem antídoto.
Em sua busca, a Alma se sacrifica, cumpre tarefas desgastantes, chega aos limites da mortalidade e, no limiar da vida, fraqueja, almeja a beleza (agora de si mesma) e se perde. Em seu resgate, parte o Amor com suas asas que lhe dá o poder de ir e vir entre a vida e a morte, só ele consegue salvar a Alma da morte certa. Os dois sobem até os céus, agora estão livres, estão juntos, nada mais os oprime, não há limites...
E no salão, em exposição, estão lá, tão próximos e tão distantes. Distantes de nós, distantes entre si, o abraço os torna unos, peça inteira, seus olhares já tão perto um do outro, buscam um beijo, certamente. Mas são pedra, eterno mármore, de nada vale tudo isso, nunca chegarão mais perto. Não importa. Sua força, sua expressão, sua história não estão ali para esse fim. Levam sim à proximidade, à intimidade, ao beijo enfim, não ali na obra de arte, mas em volta, dois que por ali passaram e notaram o absurdo que seria não prestar tal homenagem a uma poesia belíssima como essa, lapidada, esculpida, eternizada.


Um comentário:

Do entardecer...

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Ao amanhecer

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