terça-feira, 2 de junho de 2009

Carta de Amor

Minha querida,
você não tinha partido? E aqui está você me pregando mais uma peça, me deixando sem chão, de novo. Onde é que eu estive antes de entrar nessa não sei, mas sei que vou me perder sempre. Como eu queria que você estivesse aqui, você nunca está. Você não é ninguém, é todas, você nunca está.
Te adoro, mas porque? Porque não sei outra forma de ser/pensar/agir, é impossível. Não necessariamente uma obrigação, mais uma necessidade ou mesmo compulsão. Sabe, te amo. Sou apaixonado por você, te adoro demais, em excesso, você sabe. Sou tudo se estou com você, passo a admirar as cores de todas as coisas, as nuances dos gestos, os sabores na minha boca, minha parte do corpo reservada para sempre a você. Sinto sempre a sua falta, perco a noção dos erros que cometo, não tenho nem identidade. Meus poros ficam abertos, sem restrição a nada, fico torto, amorfo mas te amo ainda sim. Aliás, mais do que nunca te amo.
Meus dedos te buscam toda manhã escura na cama, sinto seu corpo encostado em mim, chego a perceber seus mínimos movimentos ao acordar. Depois, você está andando ao meu lado, no caminho da minha rotina, ouço seus passos, vejo movimentar-se pelo canto dos meus olhos. O silencio soa, ouço sua voz languidamente recitando uma coisa qualquer em meu ouvido. Minha chegada à noite é recebida com seus abraços, seus beijos, me busca, se dá. durmo lembrando do gosto da sua boca mordida.
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Há muito tempo que você não está aqui e por completo nunca esteve. Sabe que te quero a cada segundo, lembro de você desde sempre. A primeira vez que te vi só serviu pra aguçar a lembrança. Estava lá durante a infância, durante a juventude e durante a morte estará.
Você são muitas, são todas as que mexeram comigo, falo aqui de todas as minhas paixões que cada vez mais enchem minha alma e incham meu coração. Não havendo mais espaço, mais uma vem e se ajeita, já há tempos não sei como, nem aonde. Mas está lá, do lado da que eu pensava nem mais dar as caras por aqui. Dói demais esse aumento incontrolável no meu peito. Não venha com mais tantas outras suas, por favor. Pare por aí, no máximo mais uma, mas uma que me guarde dessa vez como a guardarei.
Com amor sempre,
seu Eu.

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