quarta-feira, 1 de outubro de 2025

DESATANDO NÓS


[Estrofe 1]

Escrevo a voz
Que cria vasto caos em nós
Em letras que cantei a sós
Pensando nestes lindos sóis
Olhos de anzóis
Que fisgam-me de um jeito atroz

A mão algoz
Meus dedos tremem, tesam nós
E a linha, no papel, veloz
Porém me acalmo logo após
Um ser feroz
Verter em tinta, sobre nós

[Refrão] x2
E sob os lençóis
Desvendo seus segredos, cheios de nós
Que vão caindo, como dominós
Enquanto afundo nos seus caracóis
E então, meus heróis
Parecem ficar bobos, quase sem voz
Perante o som, tal qual de rouxinóis
Que você faz, quando estamos sós

Escrevo após
Criar um vasto caos veloz
Com letras lindas, para nós
Pensarmos neste tempo atroz
De olhos de sóis
Que ofuscam, se estiver a sós

As mãos em nós
Com dedos presos, como anzóis
E o canto treme a minha voz
Que teima num papel de algoz
Mas entre nós
Sou calmo, você que é feroz

[Refrão]

[1/2 Estrofe 1]

[Refrão]

Mas não tem mais "nós"
Meus dedos sentem medo dos caracóis
Que ainda encontram sob os meus lençóis
E prendem-me ao passado com seus nós
E então fico a sós
Mas não esqueço o cheiro, nem sua voz
Dizendo em um ritmo veloz
Que eu sou o herói de todos os heróis

segunda-feira, 5 de julho de 2021

- Olá, como vai?

- Há tempos não sei de ti.

- É verdade, sim...

- E como vai?

- Vou assim, como me vê.

- Não vejo bem.

- Nunca bem viu.

- Como assim, não entendi..?

-  Não é nada não...

- Mas diga...

- Bem, há pouco lancei uma música

- Olha, verdade?

- Sim, verdade, é...

- Com aquela banda?

- Não já dela saí.

- Não! Por que?

- Não deu mais certo.

- Bem, deixe-me ouvir.

- Já te mandei.


   .    .    .



- Olha, que bela música!

- Gostou?

- Gostei. A voz é ótima.

- Sim, ele canta bem.

- Letra bacana, qual o nome dele?

- Do vocalista?

- Sim. A letra é dele, não?

- Na verdade, é minha.

- Sua? Que legal.

- Pois é, feita há tempos.

- Não conhecia.

- Nunca bem conheceu...

- Como?

- Nada.

- Hum... E de resto, tudo bem?

- Tudo! As contas, então...

- Como?

- Nada.

- Bem, até mais, então.

- Até.

- Se cuida.

- Tenho tentado.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

EU


Eu

Que aprendi a comer e engordar
A crescer e trabalhar
A ser chefe, mandar na família
A pedir o mesmo corte de cabelo
A sentar nos domingos e ler jornal

Sou presunçoso, mandão
Autoritário pai de família
Comedor de porco com feijão
Leitor da coluna de esportes

Passo tudo a meu filho
Que pára e observa
Que vê algo diferente
Mas chamo atenção no mesmo instante

Porque?
Ele tem que comer e engordar
Crescer e trabalhar
...

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Dois Lados

Ela olhava para ele de um jeito especial! Ela sabia que, na verdade, ele era tudo enfim que ela precisava ter. Ela reparava em tudo: o jeito, a forma de tratar as pessoas, a naturalidade entre os dois e se perguntava se poderia ficar ao lado dele por muito, muito tempo.
Ele gosta dela, ela sabe! E agora ela pode dizer o quanto ama aquele abraço, aquele beijo, aquele cabelo despenteado, aquelas palavras bobas que tanto a fazem rir e principalmente aquele jeito carinhoso extremo que só ele tem.
Em um determinado dia, ela quis falar. Ela queria mesmo, mas o medo da reação dela a impedia e a tornava mais angustiada. Foi quando ele falou! E a sensação que ela teve, ela nunca sentiu igual. O corpo estremeceu, os olhos quiseram chorar e a fala sumiu.
Então ela respirou fundo, olhou bem dentro dos olhos dele e retribuiu: "Eu amo você"!
Agora nada mais incomoda, porque tudo faz sentido e é perfeito quando ela está com ele...

. . .

Ele se mostrava com medo de tudo, sua cabeça era seu refúgio. Às vezes olhava pros dias e os dias passavam, passavam e ele não sentia nada. O dia quente, o vento fresco, a cor e o cheiro não estavam presentes, nada tinha valor.
Quando andava, via e sentia tudo. o mundo não havia sumido, as coisas tinham seu próprio sentido. Mas seu corpo mesmo era o que não se mostrava normal. Estava dormente, nada animava aquele ser, perambulava pelos movimentos que a vida fazia.
Mas então ela veio. E com ela veio o amor. Não que fosse avassalador. Mas era ainda melhor, com uma mistura de tensão e morosidade que o fazia se sentir muito bem.
Ela tinha o jeito certo, com as formas certas e a voz mais doce que ele já ouviu. Tinha mãos de carinho e cabelos de querer. Cheiro de se cheirar e boca daonde se beber. Olhos pra se voar dentro e perder o ar.
E assim ele volta à vida, vendo que tudo o deixa feliz, porque a pequena perfeita está do seu lado...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Não Adianta (Zeca Baleiro)

Não adianta,
Não adianta nada ver a banda,
Tocando “A Banda” em frente da varanda,
Não adianta o mar,
E nem a sua dor.

Não adianta,
Não adianta o bonde, a esperança,
E nem voltar um dia a ser criança,
O sonho acabou,
E o que adiantou?

Não tenho pressa,
Mas tenho um preço,
E todos tem um preço,
E tenho um canto,
Um velho endereço,
O resto é com vocês,
O resto não tem vez.

O que importa,
É que já não me importa, o que importa,
É que ninguém bateu em minha porta,
É que ninguém morreu,
ninguém morreu por mim.

Não quero nada,
Não deixo nada, que não tenho nada,
Só tenho o que me falta e o que me basta,
No mais é ficar só,
Eu quero ficar só.

Não adianta,
Não adianta o que não adianta,
Não é preciso, que não é preciso,
Então pra que chorar?
Então pra que chorar?

Quem está no fogo, está pra se queimar,
Então pra que chorar?

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Revelada

Tom: G
G D Am C7
G D Am F F#

G                         D
Caminhando nas pedras
Am                      C
Meus pés encontraram a meta
G                       D
Sem a alma e o coração
Am               F      F#
Não iria dar tantos passos
G                    D
Tombos na escada só leva
Am                          C
Quem não sabe contar os degraus
G                      D
Tem que se deixar sempre aberta
Am                              F        F#
A porta de onde a luz vem pra me guiar

G     D              Am             F
Pois todo o tempo a correr
     C                                         C7
Devora as pegadas que acabei de deixar
G  D             Am                 F
E onde as mãos estão a ver
C                                  F               F#
Vai se descobrindo das cortinas da escuridão
G   D            Am  F
Se for possível irei voltar
     C                               C7
Te levo aonde for, te deixo sonhar
G   D               C              Am
Eu tenho que ver pra poder crer
          C7M       Em/B              Am F F# G
Se revele, se mostre, por favor

domingo, 16 de janeiro de 2011

Eu sempre quis fazer
Um som diferente
Com notas marcantes
E um ar de inteligente
Mas idéias boas
Há muito tempo não tenho
Escolho palavras
Por não ter lenha
Pra colocar
No fogo que me falta
Pra me fazer feliz
Pois o sentido
Sempre tá em falta
O que é que eu sempre quis?
Eu não sei

Eu me sinto vazio por dentro
Me falta um sentimento
É de noite que o medo vem
Quero meu lar, eu quero paz
E ver a vida se levar pra frente
Oportunidade pra quem faz
Faz a chance de mudar
Mas espero estar
É o vazio que é triste
A idéia vai, aonde o corpo não vai
A vida brinca a letra voa
Eu perco o fio e ela cai.

Do entardecer...

Do entardecer...

Ao amanhecer

Ao amanhecer